1º Hackathon da Casa da Cultura Digital em Fortaleza-CE

Bruno Zaranza
6 min readOct 30, 2017

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Dois colegas meus do IFCE me chamaram para participar do 1º Hackathon da Casa da Cultura Digital em Fortaleza nos dias 28 e 29 de outubro de 2017. Desenvolver um protótipo e apresentá-lo em praticamente 24 horas, era um desafio interessante. Topei, claro. E nós conseguimos o 3º lugar. Foi uma ótima experiência e aprendi muita coisa sobre variados aspectos.

Mas eu preciso falar sobre o evento, dar minhas impressões, até para que a organização dê uma atenção maior para certos detalhes, afinal, todo mundo que organiza um evento que pretende ser anual, acha importante um feedback para melhorar nas próximas edições. Então vamos lá.

Ambiente

Primeiro, tenho que falar do lugar escolhido. Foi uma escolha bem infeliz. Foi no meio da feira, exposto aos visitantes e escutando muito barulho de máquinas e pessoas. Eu cheguei em casa com uma dor de cabeça muito forte. É difícil para um programador ficar trabalhando concentrado com muito barulho, movimento e eu não podia ficar com fones, porque eu precisava conversar com a minha equipe o tempo todo a fim de alinhar as ideias.

Palestras

Colocaram algumas pessoas para dar palestras durante a realização do evento. Mas como a gente ia prestar atenção nelas tendo que desenvolver algo em 24 horas? Mesmo eles falando no microfone, era difícil entender o que eles falavam, primeiro pelo barulho da Feira em si, segundo por estar com a cabeça focada no desenvolvimento da ideia.

Programação

Se você não sabe como funciona um Hackathon, pode dar uma rápida pesquisada no Google e vai ver que o produto apresentado no pitch deve ser criado durante o evento. E como o termo hack sugere, o produto deveria ser desenvolvido em linhas de códigos por programadores no período da realização do Hackathon. Afinal, é uma maratona de programação. Essa é a ideia. Pelo menos é assim que funciona em todos os outros.

Mas depois de algumas informações, percebemos que não seria necessário apresentar um produto real, na verdade iríamos ter apenas uma disputa de pitch, pra ver quem apresentava melhor uma ideia e não um produto. Então paramos o desenvolvimento do nosso app Android.

Instruíram a gente a usar o aplicativo POP da Marvel, um app de prototipagem, só para mostrar como funcionaria o nosso app. Então focamos em validar a ideia e construir a apresentação. Depois de validar, decidimos pivotar e mudamos radicalmente a ideia, tudo alí, no evento. Com a ideia finalmente fechada, fizemos a apresentação e as telas.

Apresentação dos jurados

No primeiro dia de evento, informaram pras equipes que nós íriamos ser julgados por pessoas do ramo, então preparamos nosso pitch pensando em donos de restaurantes, Food Trucks, bares, sem focar na parte técnica, já que eles poderiam não entender certos termos.

Mas para nossa surpresa, vimos um juri totalmente improvisado com pessoas que estavam nos stands, apresentaram até o Secretário Inácio Arruda como um dos jurados, mas logo ele disse que não poderia ficar por ter outros compromissos, ele sequer sabia que ia ser jurado alí, então chamaram um homem que estava na sala pra substituir o Secretário.

Então o primeiro jurado foi o vice-presidente do CITINOVA que tava lá, o segundo foi o presidente da Gênio azul, o terceiro, o diretor da Casa Digital (organizadora) e o quarto foi o cara que tava na sala que eles chamaram, ele não fez perguntas, não falou e até agora não sabemos quem é, só disseram que ele “tinha uma empresa”, melhor teria sido ter deixado apenas os 3, já que o Inácio não ia poder. Isso já deu uma desestimulada, mas demos força ao nosso líder e ele seguiu para a apresentação.

Hora do Pitch

Durante a apresentação do pitch, esperávamos ver o resultado do trabalho realizado pelas equipes nasquelas últimas 24 horas, estávamos curiosos para ver como estaria o nosso projeto diante dos outros, somos competitivos, claro. Mas mais uma vez, para nossa surpresa, vimos alí, na grande maioria, projetos que já existiam e vinham sendo desenvolvidos há algum tempo. Até uma empresa que já está no mercado participou usando seu produto com mais de 5 mil downloads na Play Store.

Resultado

O 1º lugar ficou com a equipe “Bó beber” que apresentou uma solução para reduzir filas em bares e acelerar o pedido da bebida, “Quando você estiver em um bar cadastrado no Bó Beber, pode acessar o cardápio do local por meio do aplicativo e utilizar os créditos para comprar bebidas, sem necessitar ir até o caixa”. Fonte.

O 2º lugar ficou com a equipe Chef PRO, que apresentou seu produto que já está no mercado desde, pelo menos, 2016, como pode ser visto no canal do youtube deles. Também tem o site e o app Android e iOS.

O 3º foi a minha equipe, que apresentou um projeto que ao chegar em um lugar parceiro, por meio de check in, leitor QR Code ou beacon, receberia o cardápio atualizado com as ofertas do dia, realizaria o pedido direto pelo app, sem necessidade de chamar o garçom e acompanharia o status do pedido pelo app, vendo se o pedido foi recebido na cozinha, tempo estimado para ficar pronto, se estava sendo feito e quando estivesse pronto.

Depois disso, finalizaria o pedido, pagaria a conta, o caixa reberia a informação que a mesa tinha sido paga e estava liberada e então o cliente poderia ir embora evitando ter que chamar o garçom para pagar ou ter que ir até o caixa.

Então, através de um cartão fidelidade virtual, caso o local oferecesse, o cliente receberia pontos para que ao final, quando alcancasse o número de pontos determinado pelo estabelecimento, receberia a recompensa pela fidelidade, também determinada por cada estabelecimento.

Além disso, apresentamos vantagens para o restaurante, lanchonete, food truck OU bar que adotasse a solução, tendo como manter um relacionamento com os clientes que compraram no seu estabelecimento, como enviar ofertas especiais e mensagens carismáticas para manter contato, além disso, relatórios que ajudariam a entender melhor a necessidade dos seus clientes. Em 5 minutos, mostramos todo o plano de rentabilização do app, as vantagens para o estabelecimento parceiro e para o usuário do app.

Dúvidas

Sem querer tirar o mérito das outras equipes, mas no edital dizia que a solução deveria abranger bares E restaurantes, para qualquer programador o AND é um operador lógico que envolve as duas variáveis. O 1º lugar, um projeto muito bom (que inclusive me interessou por eu ser CEO de uma startup no ramo de bebidas [a EconoDrink]), apresentou uma ideia que só atendia aos bares e sua dinâmica. E sinceramente não entendi o plano de rentabilização e a viabilidade desse projeto.

Os jurados perguntaram a todos sobre rentabilização, menos para a equipe vencedora, aliás, não lembro se houve perguntas, só lembro de comentários. Lembro também que um jurado demonstrou preocupação com o emprego do garçom, pois a MAIORIA das equipes apresentaram a MESMA PROPOSTA (inclusive a equipe dos estagiários, que foi a mais tímida, eram só adolescentes — quero até deixar registrado os meus parabéns por eles terem participado e ido até o fim, mesmo vendo que eram novos diante dos velhos que alí estavam para concorrer com eles, vi a angústia deles e eles pensando em desistir, mas foram até o fim. Continuem assim, vocês vão longe. Na idade de vocês eu não queria saber de nada na vida) de acelerar o tempo do pedido, fazendo isso pelo app, mas para a equipe vencedora, tirar a necessidade do emprego de um caixa foi visto como vantagem, eles só não pensaram na possibilidade que nem todo mundo vai ter o app e vai continuar precisando do caixa.

O 2º colocado, ao meu ver, foi a melhor proposta, realmente muito bom. Porém é algo que já está no mercado e acho que Hackathon não é para apresentar empresas que já estão no mercado, funcionando, com clientes e apps publicados. E isso foi a única dúvida que ficou em relação ao 2º colocado e se não fosse isso, merecia o 1º lugar. Pois na apresentação ficou claro todo o resto. Mas como já comentei, o projeto deveria ser novo, inovador, criado durante o evento, o que não foi o caso.

Conclusões

Espero que ninguém entenda mal meus argumentos, mas acho que são coisas que devem ser levadas em consideração nas próximas edições. Foi ótimo participar, conhecer novas pessoas e viver uma dinâmica acelerada de, verdadeiramente, quebrar a cabeça e desenvolver uma ideia toda em 24 horas, sem sequer conhecer o ramo em detalhes. Quero agradecer a minha equipe que me ouviu em tudo e contribuíram para a construção de um excelente trabalho, que quem sabe, vire um produto real.

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